31 de jan. de 2011

Como você está agora?


Às vezes nenhuma frase bem escrita, de qualquer letra de música, é capaz de fazer diferença. A fina poeira embaçando a tela da tv tem mais significado. Há momentos em que é preciso chorar muito, para que a terra da qual somos feitos mova a secura das coisas e remexa as entranhas dos sentimentos. É como ir ao encontro da chuva, coisa rara de ser ver, quando ela desce a ladeira tingindo o asfalto de alívio.

Ir ao encontro, gosto dessa frase atitude. Sair da inércia que imobiliza o todo que somos na poça amarga da tristeza. E como se aprende com a experiência dos outros! Sobretudo se os olhos de aprender estiverem bem abertos. Quando criança não perdia um episódio da série “As Panteras”, com as três lindas atrizes Farrah Fawcett, Jacklyn Smith e Kate Jackson. Farrah, cujos cabelos louros volumosos e repicados inspiraram mulheres no mundo inteiro, morreu de câncer em 2009.

Antes de morrer resolveu transformar seu calvário em documentário, "Farrah Fawcett - A jornada contra o câncer". A pantera enfrentou a dor e a aproximação imponderável da morte com incomum doçura. Comunicou-se com o mundo de milhares de pessoas que vivem o mesmo drama e compartilhou com elas a esperança de cura e a aceitação da fragilidade da vida. Imponderável e frágil, assim é a vida que relutamos em experimentar com toda sua sutileza e raridade.

Farrah escreve, fala e troca sua vida com a de todos que a amam diante das câmeras. Em momento de sublime delicadeza ouve o barulho da chuva e pergunta se Deus permitirá que no céu ela molhe suas asas nas águas puras. Uma pergunta inquietante deixa no ar, dirigida a todos nós: Como você está agora? E em seguida responde que, por sua vez, está há dois anos lutando pela vida sem trégua, valorizando cada expressão da sua existência. E nós? O que estamos fazendo agora com as nossas vidas?

30 de jan. de 2011

Amanhecer-se

Tela de Andy Warhol
O silêncio tem propriedades curativas. Absorve as lágrimas pela manhã e desenha uma segunda pele delicada no tempo. O silêncio ouve as mais íntimas lamúrias, massageia lentamente o pensamento latejante, deixando passar de longe os ecos da cidade serenada pela manhã de domingo.

Para lembrar que a vida segue lá fora, chegam vivamente os sons da rua, vazados pelas paredes, portas e janelas servis ao dia. No comando das cores está o sol, ele que sempre sorri de muito alto como quem vê tudo com outros olhos, os olhos da esperança. Vai passar o tempo da chuva e tudo aquilo que está encharcado de dor vai secar.

É preciso abrir as janelas. Fechar os olhos e trazer à mente a primeira imagem em cores. Um parque de diversões enferrujado num campinho esquecido do bairro distante traz sinais de alegria. Apagar as lâmpadas artificiais que amenizavam a escuridão da noite com luz elétrica, tadinhas, mal aquecem os mosquitos. Deixar vir com brandura a luz da natureza, morna compressa sobre a alma.

29 de jan. de 2011

Museu na Imagem e do Som celebra aniversário de Macapá

02.02.11 (quarta-feira)
Local: Sesc Centro
Hora: 19:00

- Música ao vivo: Chico Terra

- Lançamento do vídeo:
Macapá: memórias de minha cidade

Esse vídeo é parte de um projeto mais amplo que o MIS-AP vem desenvolvendo desde o ano passado, buscando o registro e a disponibilização das memórias dos moradores antigos da cidade. A ênfase desse projeto é no patrimonial imaterial e na oralidade, reconhecidamente uma das nuances mais sui generis de um povo.

- Mostra e pintura em tela ao vivo com Miguel Arcanjo:
“Macapá antiga, a beleza tucuju retratada em tela”

Esse trabalho traz para a realidade do expectador, aquilo que deu início a cidade que hoje se denomina “Macapá”, utilizando a técnica monocromática “betume sobre lona de vinil”. O diferencial do trabalho de Miguel Arcanjo está no efeito “fotográfico” que suas telas transmitem por meio de um simples pigmento. Suas nuances formam um opcional de tonalidades que encantam em uma só observação.

- Lançamento de cartões postais de Macapá:
Imagens realizadas pelo fotógrafo amapaense Alexandre Brito. As fotografias retratam o cotidiano e paisagens macapaenses.

-Música ao vivo: Valério Campos

- Declamações poéticas:
Tatamirô
Mary Paes
Patrícia Andrade
Zé Maria

-Música ao vivo: Bio Vilhena

- Estatuas Vivas:
O grupo Imagem & Cia. fará uma participação com vitrines vivas retratando dois personagens históricos da cidade de Macapá: o Mestre Pavão e a Mãe Luzia.

05.02.11 (sábado)
Local: Museu da Imagem e do Som
(Segundo piso do Teatro das Bacaeiras)
Clube de Cinema
Hora: 18:30

- Palestra: História das salas de cinema de Macapá
Palestrante: Edgar Rodrigues

- Mostra de filmes realizados em Macapá
Informações e foto: Alexandre Brito

28 de jan. de 2011

Teimosias alheias


A Caixa Econômica é o banco mais confuso que conheço, porém o que mais oferece serviços ao cidadão comum, assalariado, pobre, remediado. Então, é pra lá que vão todos, em algum momento, os que estão nas duas maiores camadas da pirâmide social. Fila para pegar a senha que leva à outra fila. Detesto falar com o colega do ensino médio, que por acaso trabalha num daqueles guichês, para furar a fila. Espírito velho que sou, levo sempre um livro na bolsa para tornar a espera mais produtiva.

“Os Mensageiros” é a segunda obra da série André Luiz, psicografada por Chico Xavier. A primeira, “Nosso Lar”, virou filme de sucesso ano passado. “Toda expressão religiosa é sagrada. Todo movimento superior de educação espiritual é santo em si mesmo”, define o autor ao analisar com tristeza a intolerância religiosa. E segue aprofundando o entendimento espírita sobre o assunto: “O espírito da Revelação é progressivo, como a alma do homem. As concepções religiosas se elevam com a mente da criatura”.

O barulhinho digital da troca de senha na tela desperta para uma espiada, e nada. Saio do banco com autorização para voltar depois do horário. Chuvisco e um táxi para quem não deve dirigir carro sem direção hidráulica menos de 24 horas depois de levar pontos na gengiva. André Luiz na bolsa, respiro devagar retendo os músculos. O taxista simpático logo daria exemplos de como não se dirige numa cidade de ruas que se confundem com estacionamentos.

Ultrapassou a carreta pela direita no cruzamento da Rua Leopoldo Machado com a Av. Pe. Júlio Mª Lombaerd. Cara maluco! O lugar é um salseiro. A bochecha ainda inchada da cirurgia, aquele humor de alma desconectada do corpo, dei a ele meu silêncio indiferente. Não bastou. Sujeitinho daqueles que nem ralho, nem lição dão jeito. Uns sacolejos, umas brecadas sem noção e o fim da picada, parar no meio do cruzamento impedindo os carros das vias transversais à preferencial de passarem. Ô coisa mal educada! Fosse o carro novinho em folha, que nada, carro velho fedorento.

Senti vontade de dar um cascudo naquela careca. Mas, lá em “Os Mensageiros” um trecho do autor dizia: “Não podemos perder tempo no exame da teimosia alheia. Temos serviços complexos e dilatados”. Claro que André Luiz não se referia a um taxista baixinho e atrapalhado, mas usei como desculpa para minha não violência momentânea. Acho que por isso Gandhi, Jesus e Buda andavam a pé.

Flores para Daiz e Gelson


Contar o dia a partir daquilo que em mim permanece como eco é uma vontade antiga, desde os diários da infância, com os quais dialoguei sempre de forma desordenada. Aliás, a desordem nas minhas vontades tem sido uma ordem. Quinta à noite dei passos acanhados na direção da cadeira do dentista numa tentativa de mudar essa desordem enfrentando o medo. Eram seis da tarde quando cheguei a clinica.

Havia chorado, me angustiado, dormido e sonhado a tarde inteira. O corpo dói uma dor moída quando não pode se insurgir contra os acontecimentos. E lá estava eu na sala de espera lotada, minorando aquela sensação de humilhação que me invade sempre que preciso abrir a boca e ficar impotente na cadeira odontológica. Constrangimento, fragilidade a mercê da dor, animal indefeso prestes a ser mutilado.

“Entra na minha vida...” dizia a letra da canção católica cantarolada pelo médico. Aquilo me fez pensar em Deus e na gratidão que deveria sentir por ter a chance de ser tratada por profissionais tão habilidosos, em lugar limpo e seguro. Então me acalmei. Deixei acontecer e ainda fiz preces para que meus amigos invisíveis auxiliassem no procedimento cirúrgico. Flores para Daiz Nunes e Gelson Leão, odontólogos da Ortoclinica. Ela que é doce e sorridente e ele que faz tudo parecer uma brincadeira.

8 de jan. de 2011

Seminário "A educação na visão espírita"

Seminário e lançamento do livro
Semeadura de Amor (A educação na visão espírita)
Local: Federação Espírita do Amapá
dia: 08 .01.2011
Às 8:30 e ÁS 15:00

Público alvo:trabalhadores espíritas e evangelizadores

autor: Fernancy Nery

7 de jan. de 2011

Cine Paraíso estreia neste domingo!


Cineclube do Coletivo Palafita, contemplado pela ação federal Cine Mais Cultura, reaviva com sessões gratuitas o espaço do Salão João XXIII, primeiro cinema da cidade, em parceria com a Diocese de Macapá - Paróquia São José.

Os amapaenses terão, a partir deste domingo (9) próximo, uma nova opção de lazer e entretenimento. Nesta data, ocorrerá a estreia do Cine Paraíso, novo projeto social do coletivo cultural de jovens artistas e agentes mídia livristas, conhecido como Coletivo Palafita. Todas as sextas e domingos, às 19 horas, estarão acontecendo sessões de cinema gratuitas no espaço do antigo Cine João XXIII, na casa paroquial da Igreja de São José, berço da cidade de Macapá (Largo dos Inocentes, bairro Central).

Contemplados pela ação Cine Mais Cultura do Ministério da Cultura, sob orientação do Programa Mais Cultura, o projeto federal tem por objetivo a formação de plateias e o fomento do pensamento crítico tendo como principal base obras audiovisuais brasileiras.

Começando seu funcionamento a partir da década de 1960, o espaço do Salão João XXIII, antigo Cine João XXIII, foi o primeiro cinema da cidade. Sua arquitetura foi concebida segundo o modelo italiano, com estrutura de cine-teatro. No período em que ainda não havia o Teatro das Bacabeiras, também desempenhou a função de palco dos artistas amapaenses. É, portanto, histórico e simbólico para a cultura e memória do Amapá.

Na sessão inaugural o público poderá assistir aos filmes “O contador de histórias” e “Simonal – Ninguém sabe o duro que eu dei”, ambas produções brasileiras.

Realização:


Este projeto é apresentado pelo Cine Mais Cultura, com realização do Coletivo Palafita em parceria com a Diocese de Macapá – Paróquia São José. É integrado ao Clube de Cinema Fora do Eixo e apoiado pela empresa Tropical Center – o shopping da construção.

SERVIÇO
O QUE? Inauguração do Cine Paraíso.
QUANDO? Domingo, 09 de janeiro, às 19h.
ONDE? Casa paroquial da Igreja de São José, entrada pelo Largo dos Inocentes (Formigueiro) – Av. Mendonça Furtado, Centro.
QUANTO? Gratuito.
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Comunicação - Coletivo Palafita Ponto Fora do Eixo - Macapá (AP)